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sexta-feira, 4 de junho de 2010

MEMÓRIA DA IGREJA: CAMPANHA DA FRATERNIDADE 1996 - FRATERNIDADE E POLÍTICA

 Vocês ainda lembram da Campanha da Fraternidade de 1996?  Com o Tema: Fraternidade e Política eo Lema: Justiça e Paz se abraçarão, teve como Objetivo Geral Contribuir para a formação política dos cristãos para que exerçam sua cidadania sendo sujeitos da construção de uma sociedade justa e solidária.


O tema da Campanha da Fraternidade é definido pela Presidência e Comissão Episcopal de Pastoral (12 Bispos) da CNBB, em reunião anual nacional da qual participam os coordenadores regionais da CF e os assessores nacionais, a partir de sugestões provindas das comunidades, paróquias, Dioceses, e Regionais. A escolha do tema da Campanha da Fraternidade de 1996 teve dupla coincidência feliz: dar  continuidade natural e lógica ao tema da CF de 1995 - os excluídos - e aconteceu no ano de eleições municipais em todo território nacional.
Seus objetivos específicos foram: - ampliar o conceito de política para além de processos eleitorais; oferecer elementos para um novo exercício da política a partir do pobre e do excluído; - incentivar as pessoas a se tornarem sujeitos da ação política na promoção do bem comum; - clarear a ligação da política com o cotidiano das relações familiares, comunitárias e eclesiais; - estimular a militância política e o exercício de cargos públicos revisando permanentemente a prática do poder. 


Eminente forma de caridade 

Freqüentemente, a palavra política é empregada para falar de eleições, partidos, governo. A idéia que dela se faz, quase sempre, não é nada positiva. Pela prática de muitos políticos, marcada pela corrução e por promessas não cumpridas, a política é tida como "coisa suja", da qual muitos que esperam ações de equidade e justiça já se desiludiram.
Política, na verdade, envolve todas as relações humanas: a convivência familiar, a participação na escola, na comunidade, nos sindicatos, associações e todo outro tipo de organização.
A palavra vem de pólis, termo grego que significa cidade. Político é o integrante da cidade. Política é o governo da cidade. Exercer a cidadania é exercer o direito e o compromisso de participar na organização e administração da cidade. Por isso, a política se realiza em tudo o que se vive: desde a solidariedade na casa, na rua, no bairro ou na vila, na cidade, até a escolha dos governantes da sociedade. Daí, do ponto de vista ético ou dos valores, política é o conjunto de ações pelas quais mulheres e homens tentam organizar a convivência em condições de realização do bem comum. O estudioso francês, Padre. Lebret, a definiu como a "ciência, a arte e a virtude do bem comum". Do ponto de vista dos meios ou da organização, a política é o exercício do poder e a luta para conquistá-lo. Um dos documentos dos Bispos do Brasil diz que é uma maneira exigente de viver o compromisso cristão, a serviço dos outros. O Papa Paulo VI insistia que ela é uma forma eminente de viver a caridade. E sabemos bem que só a caridade salva. A CF sobre os excluídos, com seu lema "ERAS TU, SENHOR?!" advertia que seremos julgados pela atitude que tivermos tido com nossos irmãos deixados à margem da vida. Eles serão nossos juizes e a casa do julgamento será a caridade.
Assim sendo, todos vivem politicamente e ninguém vive sem tomar partido. Não existe posição neutra. Se eu vejo um sujeito alto, forte batendo numa criança indefesa, não posso dizer que não quero incomodação, não vou me meter nisso, que não quero tomar partido. Minha obrigação é defender a criança ameaçada. Se não o fizer, estou favorecendo o agressor. Quanto mais gente julgar que a política é coisa má e se desinteressar dela, mais fácil para os maus políticos continuarem numa boa.
Em coerência com sua fé e seu compromisso batismal, o cristão estará presente na política como sal, como luz, como fermento. Como sal, deve estar dentro da massa. Sacos de sal, também de pimenta, ou de outro tipo de tempero no supermercado ou mesmo ao lado da panela não dão sabor à comida. Uma dose proporcional ao tamanho da panela é suficiente para a comida ficar saborosa. Como luz, o cristão tanto desmascara falcatruas quanto abre novos horizontes.
O texto base da CF, em sua primeira parte, a partir da realidade, analisa a cultura política introjetada em nossa vida, conceitua a cidadania como fraternidade política, constata sinais de esperança na prática política, descreve a compreensão que se tem do poder, a forma de acesso a ele e a forma como é exercido. Ajuda também a refletir sobre a ação política dos cristãos e como ver a situação da Igreja no Brasil neste campo.
Na sua segunda parte, o julgar, o subsídio ressalta a necessidade de o cristão ter consciência crítica e saber fazer seu discernimento político a partir da prática de Jesus, que foi de justiça e solidariedade. Acentua a indispensável relação entre fé e política, busca critérios para a missão política da Igreja e indica a contribuição dos cristãos no processo político.
Na última parte, pistas para o agir, o texto distingue os níveis de atuação da Igreja na política, aponta propostas concretas para a formação, informação e articulação no campo da política. Tendo em vista, especificamente, as eleições municipais de 1996, caracteriza os diversos tipos de eleitor e de político, destaca atividades a serem desenvolvidas antes, durante e depois das eleições, acentuando o necessário acompanhamento aos cristãos engajados.

Justiça e Paz se abraçarão 

O lema desta CF sobre Política é Justiça e Paz se abraçarão. Ele é tirado do Salmo 58,11. Por sua vez, o salmo tem fundamento no profeta Isaías, para quem justiça e paz são duas características importantes dos tempos messiânicos. Com elas, para o profeta, chegam a prosperidade e a estabilidade na ordem social. O tempo futuro do verbo, abraçarão, aponta para o grande ideal. Justiça para possibilitar e garantir a Paz. Justiça e Paz se abraçarão indica processo dinâmico, um sonho, algo constantemente construído para tornar realidade o novo Céu e a nova Terra, que terão sua plenitude na consumação do Reino, para a qual a política é uma das mediações.

(Brasília-DF, 30 de novembro de 1995 - Pe. Antonio Valentini Neto - Subsecretário-geral da CNBB)

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